Inner Development Acceleration

Inner Development Acceleration: A incerteza como catalisador

Cada vez mais pessoas e instituições estão a reconhecer várias crises, como as alterações climáticas, a seca, a fome, a migração de refugiados, as guerras e o terrorismo, a desigualdade de rendimentos, as tensões raciais e a violência política. Embora estas questões não estejam diretamente relacionadas, em conjunto representam o maior e mais abrangente desafio que a espécie humana alguma vez enfrentou. O termo “meta-crise” é utilizado para descrever este fenómeno, sublinhando a sua natureza sobreposta, complexa e não linear.

 

Uma nova abordagem para resolver os wicked issues

A tendência atual que está a ganhar destaque para 2024 centra-se na forma de acelerar o desenvolvimento interno de formas alternativas para enfrentar estes desafios adaptativos a partir de um nível de consciência diferente daquele que os criou.

Para responder eficazmente a estes desafios, é necessário operar a um nível de consciência mais elevado. Esta abordagem coletiva oferece também a oportunidade de acelerar o desenvolvimento interno das pessoas. A solução reside na concetualização da relação entre as partes e o todo, tanto a nível individual como nos sistemas humanos, a fim de lidar mais eficazmente com os problemas complexos. A questão mais premente é como compreender e atuar sobre estas relações, a fim de enfrentar os desafios de forma mais eficaz.

No passado, costumávamos abordar estas questões profundas seguindo uma destas três aproximações:

  1. Decompor o todo em partes, selecionar uma dessas partes para estudo, identificar características e possíveis factores críticos dessa parte e, em seguida, utilizar estatísticas para extrapolar o que foi encontrado para o todo.
  2. Começar pelas partes, identificando as características relevantes para o todo e assumir que o todo é a soma dessas partes (generalização), obtendo assim uma representação do todo.
  3. Identificar as partes como equivalentes ao todo (analogia).

No entanto, estas aproximações já não são suficientes para abordar os wicked issues que enfrentamos atualmente. Como especialista, posso dizer que precisamos de uma mudança de paradigma que nos permita ver o mundo de uma forma diferente e abordar os problemas de uma forma mais eficaz. Temos de trabalhar em conjunto para encontrar soluções para estes problemas e perceber que as nossas acções têm um impacto em todo o mundo. Só assim poderemos abordar eficazmente os wicked issues e garantir um futuro sustentável para todos.

As formas de abordar os desafios e problemas revelaram-se muito úteis para problemas complicados, mas não para os wicked issues. Estes emergem de sistemas com uma natureza aberta, com muitas variáveis interdependentes e relações causais não lineares.

Além disso, nestes sistemas, a relação dentro e entre o todo, a parte e o todo maior é totalmente diferente. No ano 2024, a forma como abordamos coletivamente a relação entre as partes e o todo será de importância vital para enfrentar os desafios complexos, conhecidos como wicked issues.

 A falta de consciência desta dinâmica tem implicações no nosso desempenho, criando incerteza e limitando a responsabilidade. A comunicação é dificultada pela perceção de diferentes perspectivas do “todo” e das relações entre as partes. Esta falta de compreensão conduz a distorções, expectativas diversas e generalizações prejudiciais. A necessidade de compreender estas complexidades estende-se às funções, responsabilidades e à perceção de outras nações, sendo crucial para abordar eficazmente os desafios em 2024.

A aceleração do desenvolvimento interno assume a forma de um desafio aos pressupostos internos que até então eram não só válidos, mas também necessários para o funcionamento dos sistemas. No entanto, na situação atual acima descrita, são inúteis e contraproducentes.

 

Conclusão

Como vimos, lidar com os wicked issues exige transcender para um nível de consciência diferente daquele que nos levou coletivamente a gerá-los. Para isso, devemos de ultrapassar pressupostos pré-estabelecidos como certos, que funcionaram connosco no passado (ver imagem).

  1. A precisão não é exatidão: Quando é que mais dados multiplicam os problemas em vez de fornecerem soluções?
  1. A causa não é um vetor: Sim, as coisas acontecem! De onde vêm? O que é que se pode fazer?
  1. O tempo não é uma linha (e não estás sobre ela): O que significa pensar e agir à velocidade da mudança? Ou como pode o aqui e o agora gerarem o ali e o depois do futuro?
  1. As diferenças não são um problema: Como é que o circuito se completa e a diferença de energia é recolhida?
  1. Uma descrição não é uma explicação: Não é suficiente saber O QUE acontece, quando sabes COMO, tens opções de acção.
  1. A solução nem sempre é a questão: Então como vemos o sucesso dos wickwd issues que nunca serão resolvidos?
  1. A visão não gera mudanças: Qual é o poder de uma visão, num futuro que não podes prever ou controlar?

 

Para termos um ponto de referência sobre a forma como avançamos nesta evolução, temos de prestar atenção à forma como estamos a lidar com os desafios da relação dentro e entre as partes e com o todo, ao lidarmos com os wicked issues.

 

Autor: William Guevara Chirinos, Culture & Talent Value Stream Lead; Expert in Enterprise Coaching.